ANAIS :: 30º EIA - Bauru/SP - 2015 - ISSN : 1983-179X
Resumo: 059

Investigação


059

Contribuição do Potencial Evocado Auditivo de Longa Latência – P300 - e da avaliação neuropsicológica na identificação de alterações cognitivas em indivíduos infectados pelo HTLV-1

Autores:
LABANCA, L.1, DINIZ, J.L.C.P.1, MELO, S.M.1, WITTCKIND, I.O.1, STARLING, A.L.B.2, LAMBERTUCCI, J.R.1, GONÇALVES, D.U.1
1 UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais, 2 HEMOMINAS - Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia de MG

Resumo:
Resumo Simples

INTRODUÇÃO: A infecção pelo HTLV-1 pode causar lesões em todos os níveis do Sistema Nervoso Central, como medula espinhal, substância branca subcortical e cortical. Dessa forma, avaliar se alterações na cognição podem acompanhar o quadro da infecção pelo HTLV-1 é muito importante para uma melhor compreensão dos mecanismos dos danos causados pelo vírus. OBJETIVO: Comparar os resultados do P300 e de testes neuropsicológicos de indivíduos infectados pelo HTLV-1 e não infectados. METODOLOGIA: Trata-se de estudo transversal comparativo no qual foram incluídos indivíduos infectados e não infectados pelo HTLV-1. Todos os participantes do estudo foram submetidos à avaliação sorológica, clínica, neurológica e a audiometria tonal, sendo excluídos àqueles com perda auditiva, histórico de depressão ou Acidente Vascular Encefálico. Posteriormente, os participantes realizaram a avaliação do Potencial Evocado Auditivo de Longa Latência – P300, na qual foram mensuradas as latências das ondas N1, P2 e N2 e P300 e a amplitude do complexo N2-P300. A avaliação neuropsicológica foi realizada por meio de testes que avaliam a inteligência geral (RAVEN), função executiva (FAB), memória e aprendizagem (RAVLT), capacidade motora e atenção (Nine-Hole) e capacidade cognitiva geral (IHDS). Utilizou-se os testes estatísticos qui-quadrado, teste t e Mann-Whitney para comparar o desempenho dos grupos em cada avaliação. A correlação entre latência do P300 e testes neuropsicológicos foi realizada por meio do teste de Pearson. O estudo foi aprovado pela instituição na qual foi realizado e todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. RESULTADOS: O grupo infectado pelo HTLV-1 foi composto por 50 participantes, idade média 57 (DP=9), sendo 33 (66%) mulheres. O grupo não infectado pelo HTLV-1 foi composto por 50 participantes, idade média 58 (DP=8), sendo 27 (54%) mulheres. Os grupos foram semelhantes quanto ao gênero (p=0,312), idade (p=0,992), escolaridade (p=0.091) e nível socioeconômico (p=0,071). A latência média do P300 foi maior no grupo HTLV-1 quando comparada ao grupo controle (p=0,011); IC= 4-27), sendo a média do grupo HTLV-1 de 342,03 (DP=29) e do grupo controle de 326,51 (DP=31). Em relação ao complexo de ondas eletrofisiológicas associadas ao P300, as latências médias dos componentes N1, P2, e N2 foram semelhantes entre os grupos, assim como a amplitude média do complexo N2-P300 (p>0,05). Quanto à avaliação neuropsicológica, os participantes do grupo controle apresentaram melhor desempenho em relação ao grupo de infectados nos testes Nine Hole (p=0,001; IC=3-6) e RAVLT (p=0,001; IC=2-6). Não houve diferença com relevância estatística entre o grupo de infectados e controle em relação às demais avaliações neuropsicológicas. A avaliação da correlação entre os achados do P300 e avaliação neuropsicológica no grupo de infectados indicou correlação entre latência do P300 e Nine Hole (p=0,031 R=0,41), ou seja, a medida que a latência do P300 aumenta, o tempo gasto para realizar a tarefa do Nine Hole também aumenta. CONCLUSÃO: Indivíduos infectados pelo HTLV-1 possivelmente apresentam alterações cognitivas passíveis de identificação por meio do Potencial Evocado Auditivo de Longa Latência - P300 e testes neuropsicológicos.

Palavras-chave:
 Potencial Evocado P300, Cognição, Neuropsicologia, Audição